quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Mortífera




Os Mortífera formaram-se na Amadora (Lisboa), por volta de 1987, apesar de terem tido uma curta existência, foram um marco importante no Thrash Metal nacional, tivemos uma pequena conversa com o Filipe Gonçalves (bateria) e a Helena Fialho (vocalista), de forma a saber um pouco mais sobre a banda.

P. - Como surgiu o interesse em formar os Mortífera e quais eram as vossas principais influências naquele tempo?

Filipe – Como sempre quis ser músico (desde muito pequeno), logo muito cedo quis formar uma banda e com tantas influências na Amadora de tantas outras bandas acho que foi fácil fazer a banda, com a passagem de vários guitarristas até a formação final que também pouco durou. As influências eram essencialmente Metallica.



P. - Filipe, enquanto estiveste nos STS Paranoid, acumulaste funções nas duas bandas ou os Mortífera ficaram em standby?

Filipe – Nem uma coisa nem outra pois foi sol de pouca dura. Mortífera acabou após 5 gigs e logo de seguida tive uma proposta para ir para STS.

P. - Lena, era invulgar numa banda de thrash metal, apresentar uma vocalista, como se deu a tua entrada na banda?

Lena – Calculo que sim, que em Portugal não existiam muitas bandas com vocalistas de metal, contudo a minha entrada na banda começou por ser uma brincadeira e acabou por ser uma experiência muito engraçada e enriquecedora.



P. - Quais as principais dificuldades com que se deparavam naquela altura? Salas de ensaio? Disponibilidade para ensaiar? Falta de material? Ou outras?

Filipe – Sinceramente, acho que falta de motivação ou auto motivação, não sei o que a Lena pensa ou qualquer um dos outros mas equipamento melhor ou pior não faz o músico. Sala, nunca houve esse problema pois ensaiávamos na minha casa, volto a dizer, tinha a ver com a motivação.

P. - Em relação a concertos, tocavam regularmente ao vivo, ou era difícil encontrar sítios para tocar?

Filipe – Era difícil, com Mortífera creio que fizemos uns 5 gigs, todos eles durante o ano de 1989.



P. - Como era a aderência do público aos vossos shows? Tinham uma boa base de fãs?

Filipe – Sim, nisso o metal sempre foi melhor que todos, o pessoal apoiava as bandas como tal a aderência era sempre muito boa.

P. - Dos concertos que deram há algum que guardem alguma memória especial?

Filipe – Para mim foi o último concerto que demos em Massamá. Lena?

Lena – Creio que o foi o último, em Silvares, Fundão. Achei maravilhoso a maneira como fomos recebidos por todos, foi uma experiência completamente fora da nossa zona de conforto.

P. - Alguma história divertida que possam partilhar connosco?

Filipe – Na verdade existem várias mas nenhuma pode ser divulgada aqui… ;)



P. - O que acham que correu mal naquela altura para que os Mortífera não tivessem tido continuidade? Houve muita instabilidade no line-up?

Filipe – Sim claro, éramos todos muito miúdos.

Lena – Concordo com o Filipe. Apesar de alguns elementos terem continuado na música posteriormente, naquela altura só o Filipe decidiu ser músico profissional, todos os outros tocavam essencialmente como hobby.

P. - Sentiam que o heavy metal em geral era marginalizado na nossa sociedade?

Filipe – Sim, sem dúvida.

P. - Para a história da banda, fica uma demo tape (Deadly Fields, 1989) e algumas gravações ao vivo, como vêm essas gravações, passados tantos anos?

Filipe - Com mau som ehehehe.

Lena – Sem dúvida mau som, algo muito frequente na época. Na parte que me toca, ainda me divirto a ouvir e a falta de qualidade até sugere alguma nostalgia.



P. - Essa demo tape chegaram a enviá-la para rádios ou fanzines? Tentaram posteriormente gravar alguma demo num estúdio profissional?

Filipe – Não, nem houve tempo para isso que a banda acabou logo.

P. - Lena, ainda tentaste a tua sorte como vocalista noutra banda, depois do fim dos Mortífera?

Lena - Na verdade eu já tinha decidido que não iria continuar a cantar.

P. - Filipe, depois do final dos Mortífera, ainda seguiste carreira nos conceituados V12, como se deu a tua entrada na banda?

Filipe – Tive um convite para tocar em V12 logo após a gravação do disco, que ainda foi gravado pelo Alberto Garcia, e eu senti que eram as primeiras pessoas com quem toquei e que queriam tocar, o que mudou em muito a minha perspectiva de ver a música.



P. - Que memórias guardas desses tempos com os V12?

Filipe – As melhores, foi onde aprendi quase tudo, onde me dei musicalmente da melhor maneira até hoje, creio. O Paulo Ossos e eu fazíamos músicas ao telefone. Recentemente estivemos aqui a jantar em casa e a rirmos disso, eu e ele.

P. - Em relação aos V12, o facto de tu e outros elementos dos V12, também pertencerem à banda da Adelaide, poderá ter precipitado o final dos V12?

Filipe – De uma certa forma talvez, mas creio que vertentes diferentes de ver/estar na música naquela altura, entre nós todos, é que ditaram esse fim…

P. - Ainda mantêm viva a chama do heavy metal? Continuam a ter interesse em ouvir ou assistir concertos ao vivo de heavy metal?

Filipe – Claro isso não desaparece. Vejo menos confesso.

Lena – Eu ainda ouço metal mas confesso que ouço mais os álbuns antigos e não estou tão familiarizada com o que se faz actualmente. De qualquer forma, sempre que me é possível não perco um concerto.



P. - Gostariam de acrescentar mais alguma coisa?

Filipe – Apenas um obrigado a todos pelo apoio que sempre tenho tido ao longo destes anos e em especial, obrigado a ti.

Lena – Um muito obrigado a todos pelo carinho especial mesmo após todos estes anos! Cool!


Obrigado pelo tempo dispensado, e desejo-vos tudo de bom para o futuro!

R. F.+L. – Obrigado, igualmente J




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