Os
Mortífera formaram-se na Amadora (Lisboa), por volta de 1987, apesar de terem
tido uma curta existência, foram um marco importante no Thrash Metal nacional,
tivemos uma pequena conversa com o Filipe Gonçalves (bateria) e a Helena Fialho
(vocalista), de forma a saber um pouco mais sobre a banda.
P. -
Como surgiu o interesse em formar os Mortífera e quais eram as vossas
principais influências naquele tempo?
Filipe
– Como sempre quis ser músico (desde muito pequeno), logo muito cedo quis
formar uma banda e com tantas influências na Amadora de tantas outras bandas
acho que foi fácil fazer a banda, com a passagem de vários guitarristas até a
formação final que também pouco durou. As
influências eram essencialmente Metallica.
P. -
Filipe, enquanto estiveste nos STS Paranoid, acumulaste funções nas duas bandas
ou os Mortífera ficaram em standby?
Filipe
– Nem uma coisa nem outra pois foi sol de pouca dura. Mortífera acabou após 5
gigs e logo de seguida tive uma proposta para ir para STS.
P. -
Lena, era invulgar numa banda de thrash metal, apresentar uma vocalista, como
se deu a tua entrada na banda?
Lena – Calculo que sim, que em
Portugal não existiam muitas bandas com vocalistas de metal, contudo a minha
entrada na banda começou por ser uma brincadeira e acabou por ser uma
experiência muito engraçada e enriquecedora.
P. -
Quais as principais dificuldades com que se deparavam naquela altura? Salas de
ensaio? Disponibilidade para ensaiar? Falta de material? Ou outras?
Filipe
– Sinceramente, acho que falta de motivação ou auto motivação, não sei o que a
Lena pensa ou qualquer um dos outros mas equipamento melhor ou pior não faz o
músico. Sala, nunca houve esse problema pois ensaiávamos na minha casa, volto a
dizer, tinha a ver com a motivação.
P. -
Em relação a concertos, tocavam regularmente ao vivo, ou era difícil encontrar
sítios para tocar?
Filipe
– Era difícil, com Mortífera creio que fizemos uns 5 gigs, todos eles durante o
ano de 1989.
P. -
Como era a aderência do público aos vossos shows? Tinham uma boa base de fãs?
Filipe
– Sim, nisso o metal sempre foi melhor que todos, o pessoal apoiava as bandas
como tal a aderência era sempre muito boa.
P. -
Dos concertos que deram há algum que guardem alguma memória especial?
Filipe
– Para mim foi o último concerto que demos em Massamá. Lena?
Lena – Creio que o foi o último,
em Silvares, Fundão. Achei maravilhoso a maneira como fomos recebidos por todos,
foi uma experiência completamente fora da nossa zona de conforto.
P. -
Alguma história divertida que possam partilhar connosco?
Filipe
– Na verdade existem várias mas nenhuma pode ser divulgada aqui… ;)
P. -
O que acham que correu mal naquela altura para que os Mortífera não tivessem
tido continuidade? Houve muita instabilidade no line-up?
Filipe
– Sim claro, éramos todos muito miúdos.
Lena – Concordo com o Filipe.
Apesar de alguns elementos terem continuado na música posteriormente, naquela
altura só o Filipe decidiu ser músico profissional, todos os outros tocavam
essencialmente como hobby.
P. -
Sentiam que o heavy metal em geral era marginalizado na nossa sociedade?
Filipe
– Sim, sem dúvida.
P. -
Para a história da banda, fica uma demo tape (Deadly Fields, 1989) e algumas
gravações ao vivo, como vêm essas gravações, passados tantos anos?
Filipe
- Com mau som ehehehe.
Lena – Sem dúvida mau som, algo
muito frequente na época. Na parte que me toca, ainda me divirto a ouvir e a
falta de qualidade até sugere alguma nostalgia.
P. -
Essa demo tape chegaram a enviá-la para rádios ou fanzines? Tentaram posteriormente
gravar alguma demo num estúdio profissional?
Filipe
– Não, nem houve tempo para isso que a banda acabou logo.
P. -
Lena, ainda tentaste a tua sorte como vocalista noutra banda, depois do fim dos
Mortífera?
Lena - Na verdade eu já tinha
decidido que não iria continuar a cantar.
P. -
Filipe, depois do final dos Mortífera, ainda seguiste carreira nos conceituados
V12, como se deu a tua entrada na banda?
Filipe
– Tive um convite para tocar em V12 logo após a gravação do disco, que ainda
foi gravado pelo Alberto Garcia, e eu senti que eram as primeiras pessoas com
quem toquei e que queriam tocar, o que mudou em muito a minha perspectiva de
ver a música.
P. -
Que memórias guardas desses tempos com os V12?
Filipe
– As melhores, foi onde aprendi quase tudo, onde me dei musicalmente da melhor
maneira até hoje, creio. O Paulo Ossos e eu fazíamos músicas ao telefone. Recentemente
estivemos aqui a jantar em casa e a rirmos disso, eu e ele.
P. -
Em relação aos V12, o facto de tu e outros elementos dos V12, também
pertencerem à banda da Adelaide, poderá ter precipitado o final dos V12?
Filipe
– De uma certa forma talvez, mas creio que vertentes diferentes de ver/estar na
música naquela altura, entre nós todos, é que ditaram esse fim…
P. -
Ainda mantêm viva a chama do heavy metal? Continuam a ter interesse em ouvir ou
assistir concertos ao vivo de heavy metal?
Filipe
– Claro isso não desaparece. Vejo menos confesso.
Lena – Eu ainda ouço metal mas
confesso que ouço mais os álbuns antigos e não estou tão familiarizada com o
que se faz actualmente. De qualquer forma, sempre que me é possível não perco
um concerto.
P. -
Gostariam de acrescentar mais alguma coisa?
Filipe
– Apenas um obrigado a todos pelo apoio que sempre tenho tido ao longo destes
anos e em especial, obrigado a ti.
Lena – Um muito obrigado a todos
pelo carinho especial mesmo após todos estes anos! Cool!
Obrigado
pelo tempo dispensado, e desejo-vos tudo de bom para o futuro!
R. F.+L. – Obrigado, igualmente J
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